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O ESPELHO
Entrou no banheiro e olhou o espelho enquanto lentamente se despia para tomar duche.
Aquele corpo já apresentava as marcas do tempo, esse cruel juiz.
Outrora mirava-se, tão orgulhoso do que via, do porte atlético e do rosto de menino, sempre de olhar penetrante. Esse olhar tinha prendido umas quantas mulheres, mulheres essas que haviam ficado seduzidas por ele, tanto adoravam abraçá-lo, acariciá-lo, beijá-lo... Lembrava um pouco de todas...
Os anos foram passando e só restou a lembrança, bem real, da última, da única que não tivera completamente, a única a quem verdadeiramente amara, que lhe acelerava o coração sempre que via, que o fazia esquecer de tudo de mau quando nela pensava.
Recordações...
Lançou um último olhar ao espelho e depois de temperar a água, entrou na box.
Do baú do tempo.