Memórias da minha infância

As cortinas da minha casa escondem grandes mistérios, dentro das cortinas eu me desfaço por inteiro chegando até não me reconhecer. Dentro das cortinas há meu mundo secreto. Dentro das cortinas há marés de lágrimas. Cortinas são como deuses; seres sagrados. E quando por um descuido qualquer deixava-as abertas, sentia uma alegria imensa de criança inocente, logo minha mãe tratava de fechá-las. Dentro das cortinas eu regresso para o útero da minha mãe, ao abri-las, renasço. Dentro das cortinas eu era um sadhu morando em uma caverna em meditação profunda. “Louvado seja as cortinas que me ajudaram a me desprender de mim”.