A feitora
Simone fora escravizada, domesticada aos cuidados rígidos da feitora Elvira. O que Elvira mais temia na vida era uma possível fuga de Simone, e para impedi-lo, tomou algumas precauções.
Primeiro, Elvira cortou-lhe fora os calcanhares, para que ela não pudesse correr nem caminhar até muito longe. Depois lhe algemou os pulsos, voltados para a frente, para que todos os seus gestos fossem monitorados. Daí mostrou-lhe o chicote, com o qual pretendia açoitá-la caso ela tentasse fugir. E, por fim, cravou um punhal em cada olho, para que ela não enxergasse a porta de saída.
E apesar de seu sangue bem avermelhado ter-se derramado quase todo, Simone não protestou, não berrou, não chorou, sequer sentiu alguma dor. Continuou viva aos cuidados rígidos de Elvira, e alimentou por esta o amor recíproco. No fim das contas, o que movia Elvira era amor, um amor nada estranho e muito típico: amor de uma mãe por sua filha.