Lamurias do meu cão Brick.
Um dia cheio, muito stress provocado pelas decisões tomadas, cheguei em casa e fui direto ao banho, esqueci até de repor a comida de Brick, um cão dinamarquês enorme, tão dócil, que as vezes nem notávamos que ele estava por perto. Ao sair do banho sentei-me frente à tv e escolhi um filme que havia alugado. O Brick me olha, como querendo dizer: estou aqui cara! E então Brick solta seu verbo: - Você sabia que eu tenho um lado melancólico muito forte? Tão forte que é por isso que rio e brinco muito, procuro alimentá-lo de riso, para que pleno e saciado, ele adormeça e me deixe viver sem lamentar as grandes possibilidades da minha vida se não estivesse com você, e aqui morrendo de fome.
Estou sentindo que este espaço tá ficando apertado pra mim... ei, ei, olhe aqui, não está vendo quanta melancolia me envolve neste instante? Indaga Brick: - Tenho passado dias alimentando-me de fantasias criadas por mim mesmo, na tentativa de construir situações que me tranquilizem e me façam esquecer que estou enjaulado sozinho.
E como todas as vezes, quando não sou notado, vou tentar me fazer pequeno para "ficar nessa jaula", pelo menos até a próxima vez que os botões estourarem.
Contento-me pensando: Sempre que algo é "apertado" para mim, é porque estou mudando de "forma". Mas, por que ninguém nota?
Naquela noite eu não dormi, tive um pesadelo com imagens de que Brick havia fugido...precisei sentir o vazio da perda para poder notar meu Brick. Amigos para sempre!