Pandemia

A cidade discutia abertamente a falta de habilidade do prefeito, diante da situação difícil que se apresentava. Para um número significativo de pessoas, ele sempre terminava metendo os pés pelas mãos, o que permitia o crescimento da contaminação. No dia em que apareceu com o nariz fungando, o vice lhe sugeriu: “Por que não nomeia um médico competente para o trato da epidemia e se isola por duas semanas? É muito cedo para fazer o teste, mas nunca se sabe.” O prefeito gostou da ideia. “Tem razão, eu me recolho e, daqui a alguns dias, se continuar com sintomas de resfriado, faço o teste do coronavírus. Bem pensado”, ficou ele matutando. E, pela primeira vez, concordou em escolher um médico para substituir o político encarregado da área da saúde. Em pouco tempo, assumiu um novo secretário. O prefeito manteve-se confinado em sua mansão. E o povo, de maneira geral, deu graças a Deus por, pelo menos momentaneamente, estar livre das inépcias do governante.