O jantar da bruxa
Naquela semana chovia uma chuva muito forte de vazio, ouço na minha vitrola nova que acabara de comprar, um disco de vinil de Maysa Matarazzo. Estrelas caem do céu como se houvera algum significado especial. Não. Me perdi, ultimamente tenho me perdido com frequência nos meus pensamentos. Me olho no espelho mas não vejo nada além de vazio. Mas se eu falar que não vejo é porque vi algo, mas como posso ver algo que não vejo? O vazio é nada. Nada não se vê. Não há nada no nada, apenas escuridão. Escuridão esta que não escolhi entender, me fora ordenado sentir. Acendo um cigarro e a fumaça com cheiro de canela pairando sobre o ar dá lugar ao vazio. Há um deserto com tempestade de areia na fase adulta dos homens, somente aqueles que se arriscam a desbravar as areias quentes do deserto com um sol escaldante é que conseguem alcançar à miragem. Uma bruxa pousou na janela do meu quarto, apenas me deito delicadamente sobre o chão de estrelas onde as nuvens exalam um forte cheiro de canela sobre o ar e anjos tocam harpas.