UMA VEZ, UM GRANDE AMOR (*)
Na última vez que ele se fora, o ipê-amarelo estava carregado.
Entre idas e vindas, amando-se, ele lhe dizia as mais belas palavras de amor que nenhuma outra mulher jamais ouvira. Isso ela podia jurar.
Desde então, a todo agosto, ela passa os dias apreciando o bordado amarelo que o vento delineia no terreiro de casa ao mover as pétalas das flores caídas do ipê. Não se melindra de saber que ele havia negociado todas as cabeças de seus herdados bois e mais os terrenos da roça de milho, do laranjal, e da horta antes de partir de vez.
Ficara com a casa, o ipê, o vento, o canto dos pássaros e com as lembranças de ter vivido um grande amor.