Turma de informática
Era um grupo alegre. Era, ou pelo menos parecia, um grupo coeso. Havia um médico, uma professora, um contabilista, para mencionar os que mais se destacavam. Outros não se destacavam tanto durante a aula, embora fossem, quem sabe, mais dedicados do que os primeiros. O jovem professor se desincumbia bem de suas funções, diante do grupo heterogêneo em idade, mas relativamente parelho quanto ao interesse que a matéria despertava.
Quando chegou a primavera, planejaram um passeio para fora, uma tarde num recanto aprazível da colônia. Vários compareceram, acomodando-se sobre o gramado bem cuidado, que enfeitavam florinhas silvestres. Alguns resolveram caminhar, trilhando a pequena ponte colorida que cruzava um riacho. Outros entretiveram uma gostosa conversa, enquanto provavam uns salgadinhos que haviam trazido para o piquenique.
Ao fim da tarde, resolveram voltar. Depois de recolher as sobras, dirigiram-se para os carros. O professor olhou ao redor para ver se todos estavam presentes: deu falta de dois alunos, um senhor de meia idade e uma das moças da turma. “Está faltando gente, pessoal”. “É verdade, devem ter ido caminhar.” “Deixem que eu faço uma busca.”
O rapaz retornou em alguns minutos, meio desconcertado. “Estão longe, disseram que vão mais tarde, não precisamos esperá-los.” “É o marido da minha amiga”, escapou uma jovem. O professor abriu a porta do carro. “Vamos lá, gente.” Voltaram bastante calados. Na semana seguinte, os dois retardatários não compareceram à aula.