Puro Acaso
Aos que são diferentes: FORÇA!
Aos que são diferentes e especiais...aplausos.
Os preparativos começaram uma semana antes. Quer dizer há mais de um mês. Ela não sabia com que roupa ir. Dizia não ter o vestido perfeito.
Em toda a minha vida nunca havia conhecido alguém com um closet tão grande. Era maior do que a minha morada. Havia centenas de sapatos novinhos e outra centena que só havia usado uma vez. As roupas eram impossíveis de contar era como si eu estivesse em uma loja de luxo de um shopping center.
Foi a dezenas de lojas querendo o tal vestido perfeito, folheou centenas de revistas procurando o penteado perfeito, a joia perfeita, o sapato perfeito. Perfeição era sua busca incansável. Estava cursando medicina por insistência dos pais. Mas, em seu interior o que reinava era a arte. Uma arte que sempre lhe impediram de jorrar. Não sou psicanalista, mas sou capaz de apostar que essa impulsividade por ter tanto tem uma profunda relação com seu desejo reprimido desde a infância.
Mas vamos ao que interessa. O que quero contar é sobre a noite da festa, o sábado em que me transformei em quem sou hoje, graças a essa pessoinha que tive o desprazer de conhecer. Acordei cedo como sempre, malhei. Meu dia estava normal. Até que a Lola teve a infeliz ou feliz ideia de me chamar para acompanhá-la para ir à casa de uma amiga. Dizia que ia ser legal, que ela era gente boa, uma gracinha. E que precisava da minha ajuda. A Lola não ia a uma festa sem mim, ainda mais nos últimos meses que terminou com o boy.
Minha intuição não falha. Eu tive uma intuição do cão: “não vai que vai dar ruim”. E deu! Chegamos na casa da tal era por volta das 19, creio, ou antes, sei lá, parecia que estava lá havia uma eternidade. Gastei três horas só pra fazer o meu cabelo, trabalhei no look, ou seja, tive que começar a me arrumar antes das duas da tarde. A Lola chegou na minha casa eu já estava finalizando o cabelo. Antes disso já tinha me mandado mensagem -já tá no jeito? A K falou pra gente não se atrasar. Até aqui tudo bem eu estava vendo isso como normal. Mas depois de cinco mensagens de não atrasa deu uma bad. Por que a Lola tá agindo assim? Ela não é disso. Eu pensando inocentemente.
Quando eu cheguei na casa da K eu entendi. Ela não morava numa casa, era uma mansão para perder de vista. Nem vou perder o tempo para descrever como era porque seria inútil. Fomos apresentados, até que à primeira vista, demonstrava uma simpatia radiante, era muito atenciosa. Fez questão de apresentar todos aos pais.
Minha maior alegria foi conhecer o closet, aquilo seria um laboratório para mim. O cabeleireiro não gostou muito da minha presença se sentiu incomodado, já o maquiador era uma gracinha e põe gracinha nisso.
As coisas começaram a ficar estranhas mesmo foi quando a K pedia opinião para tudo. Até para o sabor do chiclete que ia levar. As outras garotas queriam tirar foto para postar, mas ela não aceitava -não meninas esperem que já estão finalizando, não tirem fotos sem mim. Depois de muita espera as garotas não aguentaram e me pediram para tirar as fotos. Eu não recusei e comecei a tirar. A K ficou furiosa por dentro, mas não fez nada, a não ser chamar a Lola para perguntar qual batom usar, qual brinco, qual pulseira, qual perfume e por aí vai, tudo para interromper a sessão de fotos. Que garota egocêntrica! Eu não conseguia pensar em outra coisa.
E nessa de esperar chegamos na festa era quase meia noite. Perdemos a apresentação de todos os outros DJs e as entregas dos brindes. Pensei agora sim as coisas vão melhorar, tinha muita gente bonita e muita bebida. As garotas me pediam para tirar fotos, eu tirava não me importava, estava me divertindo. Até que a K começou a dar um show. Falava para a Lola que não queria mais saber das outras garotas e que era para ficar longe delas. A Lola foi atrás da K e eu fiquei ali, sozinho. Depois de toda aquela exaustão não dava para acreditar que eu ia passar a noite assim. Foi quando um garoto se aproximou e me perguntou: Você conhece a K? Parecia um anjo. - O que aconteceu? Ele me perguntou.
Eu disse que não havia entendido direito. Ele me chamou para ir atrás das garotas. Nós não as encontramos em lugar algum. Ligamos, mas elas não atenderam. Então o garoto ligou para a mãe da K e ela o tranquilizou dizendo que já estava em casa, havia sido só mais uma crise e que ela estava sendo medicada. Eu estava hipnotizado pela voz maravilhosa, pelo cheiro e pelo sorriso que nem perguntei nada sobre como conhecia a K, nem qualquer outra coisa relacionada a ela. O boy me chamou para curtir a festa, dançamos a noite toda. Combinamos de ir para a minha casa e foi incrível.
Na manhã de domingo toca meu telefone e era a Lola tentando me explicar o que havia acontecido. Eu disse que estava tudo bem, que eu havia encontrado um anjo naquela noite. A Lola ficou muito curiosa, mandei uma foto do boy enquanto ele dormia, não devia ter feito isso, mas fiz. A Lola não respondeu nada. Alguns minutos depois toca minha campainha e era a Lola. Eu não entendi nada. Até que ela me fez a revelação de que esse anjo era o amor da vida da K, ela era obcecada por esse garoto, ficou transtornada quando descobriu o segredo dele. -Você mandou a foto para mais alguém? Claro que não, respondi com indignação, você sabe que eu não faço isso. -Vou até apagar a que você me enviou. -Meu deus! Trocamos o celular, a K está com meu celular porque é igualzinho, quer dizer, ela me deu um igualzinho ao dela.- E agora? Vamos falar com o Neri pedir para ligar para a mãe da K e pegar o seu celular de qualquer jeito.
Subimos e quando o Neri viu a Lola deu um pulo da cama, explicamos as coisas de forma confusa e muito rápida, mas o mais importante ele entendeu que era para ligar para a mãe da K. Deu chamada em espera. Justo nesse momento toca o telefone da K e era a mãe da K. -Lola a K está com você? - Não está, aconteceu alguma coisa? Eu não sei, já procuramos a K pela casa toda e não encontramos. Nisso o Neri diz - Já sei onde ela está! E agora? Vamos rápido. Pegamos o carro e encontramos com uma ambulância e carros de polícia, mas nem podíamos imaginar que a K estava naquela ambulância dando seus últimos suspiros.