A beleza diminuta

Ela se aproximou da janela para cerrar as cortinas e observou no horizonte, o céu de um cinza sombrio. Logo mais cairia a chuva demorada que traria, além do vento frio, um misto de tristeza e solidão.
Acomodou-se no sofá e mergulhou na penumbra da sala com pensamentos sobre a delicadeza da vida. Olhou para o jarro onde as flores, já sem vida, davam uma lição sobre a impermanência de tudo e ainda, eloquentemente lhe diziam da beleza de cada instante vivido.
Todas os acontecimentos, aparentemente bons ou ruins, são importantes. Pensou.
As flores exuberantes numa manhã, nos presenteiam com fragrâncias que poderia se dizer, são diminutas... Depois de pouco tempo já não há fragrância, nem flores... Mas fica em nós a memória, a experiência de perfume e de flores... Assim também é na vida, ponderou.
Rascunhou alguns pensamentos no bloco de notas que tinha na mesinha de canto. Sentiu com intensidade a necessidade de viver inteiramente, cada encontro, cada contato, cada troca com todos aqueles que cruzaram o seu caminho. Pensando nisso, adormeceu.
Finalmente a chuva dera uma trégua, então levantou-se, acendeu as luzes e recolheu com gratidão as flores do jarro.
Cláudia Machado
Enviado por Cláudia Machado em 09/04/2020
Reeditado em 09/04/2020
Código do texto: T6911342
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