A paz
Naquela noite pouco dormiu. Na verdade, não saberia avaliar por quanto tempo - horas, minutos - efetivamente entregou-se, mente desarmada. Pensamentos corcoveavam em sua cabeça, e aqueles saltos perturbavam o seu descanso. Antes que a claridade se instalasse no ambiente, mostrando sua cara através de alguma vidraça transparente, deixou o quarto e tomou posse da cozinha. O frio penetrava-lhe os poros. Buscou um cobertor e enroscou-se nele, enquanto sorvia lentamente o seu café. E, então, sentiu-se mais dona de si: o grande silêncio da casa colaborava para que se sentisse assim. Pensar, refletir, decidir… A si mesma aconselhou que tivesse calma, mil vezes calma. Quando os primeiros albores do dia apareceram, com uma ponta de sol estendendo-se pela cozinha, achou que estava pronta: recolheu o cobertor e atirou-se na cama, com fé de que poderia dormir. E a paz tomou conta de corpo e alma.