Vôo livre
Lembrava-se bem da passagem clássica: quando alguns discípulos tentaram convencer Sócrates de que devia fugir da prisão, dizendo-lhe que tudo estava devidamente preparado, ele recusou, argumentando que se sentia livre, pois o seu espírito não havia sido capturado.
Foi o que pensou quando se viu agredida, atingida na sua integridade pela pessoa que lhe havia jurado amor eterno.
E, assim pensando, contemporizou, adiando a sua decisão de partir. Lançou-se à poesia, e produziu mais do que nunca.
O fundamental, no seu entendimento: o seu espírito não havia sido aprisionado.