RAZÃO DE SANGUE
_ A senhora queria matar a criança. Defenestrou-a.
_ Não, senhor juiz, não fiz isso. Só atirei a criança pela janela.
_ Deixou a criança crescer na sua barriga para então jogá-la pela janela.
_ Eu não queria a criança
_ E daí, resolveu matá-la.
_ Não queria matar. Mas não queria a criança
_ Como praticou o aborto?
_ Não fiz isso. Tomei chá de buchinha-paulista. A criança saiu.
_ Abortou a criança e jogou-a no ribeirão.
_ Não. Joguei-a pela janela logo que a aparei. A criança caiu no ribeirão.
_ E o pai? Também não queria a filha?
_ Não tinha pai. Nem avó, nem tios. Ninguém viu a barriga nem ninguém sabia da criança.
_ Mas, a criança saiu de sua barriga.
_Saiu. Porém, não a queria. Depois, foi o sangue. O sangue que desceu pelas minhas pernas me revelou.
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_ A ré fulana de tal, indiciada nos autos do processo X, está condenada a tantos anos de prisão. Regime fechado.