O feriado
Aquele feriado não seria como os outros, ela não correria para a casinha da praia, pés no chão, fizesse calor ou frio, olhos escancarados para uma paisagem que a inundava. Aquele feriado, ela o passaria em casa, concentrada, esperando o que estava por acontecer, que há tanto tempo não passava de uma miragem. Sim, valia a pena permanecer na cidade, ocupar o apartamento que ela ocupava todos os dias, embora estivesse a maior parte do tempo na rua, envolvida em suas atividades, que eram variadas. Ela ficaria, desta vez não arredaria pé, como já fizera outra vez. Procurou distrair-se, pintou e bordou ao longo daquele dia, um dia, felizmente para ela, que não parecia muito convidativo para sair, o sol que ia e vinha, as nuvens que se avolumavam no céu, formando desenhos enigmáticos. Resistiu à tentação de enviar uma mensagem, de saber se tudo ocorreria conforme o previsto. Lá pelo fim do dia, já meio cansada, já um pouquinho descrente, ouviu passos no corredor. Paralisou. E, então, a campainha tocou. Não fora em vão a sua espera.