DESAMOR (*)

Essa moça, diziam ser a mais bela da cidade. Não se sabe porque escolheu, entre tantos, um moço assim para se casar. Depois de bela festa e lua-de-mel no Caribe, o marido cantou de galo. Mulher minha não trabalha fora. Não se pinta. Não veste roupas com decote. Mansa, ela deixou de fazer de tudo. Nem assim deu-se ele por satisfeito. Foi ficando calado, distante. A prisioneira foi perdendo o brilho dos olhos violeta e o colorido das faces.

No dia do quinto ano de casamento, ela quis mostrar-se mais bela. Quem sabe? Convidou o marido para saírem para jantar. Roupas novas não tinha, mas o corpo ainda se mantinha com antes. Pôs um vestido dos primeiros anos de casada, repetiu o penteado e coloriu de leve os lábios. Foi o suficiente....... O marido, ao chegar em casa e ver a mulher com tanta diferença, gritou que era um traído. Foi até o carro, pegou uma arma e deu dois tiros certeiros. O primeiro pegou a mulher. O outro, o seu próprio ouvido.

Ele morreu de imediato. Ela ainda vive. Em cima de uma cama. Pode mexer com a cabeça, falar e acompanhar o que acontece à sua volta com seus olhos cor de violeta. Apenas.

Terezinha Pereira
Enviado por Terezinha Pereira em 01/10/2007
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