No mundo dos ratos
Da sala pude ver o exato momento em que um rato ligeiro passou do corredor em direção à cozinha. Paralisei o olhar por alguns segundos, ante minha repulsa pelo bicho. E era um dos grandes, possivelmente uma ratazana!
Corri para as duas portas de acesso e tranquei-o lá: na cozinha. A vontade de comer alguma coisa à noite logo cessou. Minha garganta estava trancada e o coração acelerado. Entrei para sondá-lo, mas parecia tudo tão normal, silencioso, pensei até que tinha sido imaginação.
Armei duas ratoeiras com queijos, porque ratos deveriam gostar de queijos, mas não foi o suficiente. A primeira noite foi de apreensão e nada aconteceu. Não dormi.
Pela manhã do dia seguinte, fui logo comprar todos os apetrechos para capturá-lo. Dentre tantas opções, decidi por venenos e túneis com cola. Espalhei os grãos mortíferos pelo chão e instalei o piso colante.
Na madrugada escutei barulhos, e logo teria a certeza da captura. Segundo dia e ele estava ali, imóvel, colado na armadilha. Comeu todo o veneno do recinto e morreria de qualquer maneira. Peguei uma vassoura, e uma força que não era minha impulsionou o assassinato. Pensei que seria melhor antecipar a morte que esperar a dor do sofrimento pelo veneno ingerido.