Acredito, nas pessoas ainda!
...l.986, Vitória do Espírito Santo, trabalhava como gerente eu uma
loja de materiais fotográficos, no tempo ainda de câmeras ana-
lógicas, uma loja pequena, mas muito bem montada, com muitas
vitrines de vidros, com exposição de cine, foto, e som.
Numa manhã, as duas portas de aço levantadas, e preparando
para atendimento ao público, entra um cidadão barbudo, aparência
séria, decidido, pega a barra de ferro de levantar a porta de aço,
que estava encostado na entrada da loja, e vem em minha direção
no balcão da loja...pronto com uma imaginação fértil, já vi toda as
vitrines despedaçadas...quando chegou bem próximo de mim me
entregou a barra de ferro e disse, para não deixar a barra na porta
que poderia virar uma arma,para assalto. Depois de um suspiro de
alívio, agradeci e nunca mais deixei a barra de ferro na entrada da
loja. A partir desse dia, Oscar, com o nome apresentado, sempre
aparecia para uma visita rápida, um dia ele escutou que eu estava
precisando de uma tv, e ele tinha a solução, a loja ficava bem
perto do porto, e ele tinha um amigo que trazia tv, nova zerada
e tinha por coincidência o tipo que eu queria, uma 14 polegadas
com controle, colorida, lançamento da Sharp, por duzentos reais
e o valor nas lojas era de seiscentos reais, tudo combinado.
No dia seguinte, de manhã, entreguei o dinheiro, e fui com ele até
a portaria do porto, ele pediu para aguardar, pois não era
permitido minha entrada, e vi ele conversando com o porteiro, e
entrou para buscar a tv. Esperei por quase duas horas, e fui
perguntar ao porteiro sobre o Oscar, e sua demora, o porteiro
disse que ele foi levar um remédio urgente para seu irmão
estivador, e deve ter saído pela outra portaria para pessoas em
visita. Voltei para loja, sem dinheiro, sem tv, e mais um que
caiu no conto do vigário...