CONTRATEMPO.

Houve um tempo, em que nossos relógios, aleatoriamente, acertavam nossas horas. Havia sincronia entre os "Tique-taques" do pulso e também do peito.

Houve um tempo, em que nossos relógios, por anos, atrasavam suas batidas e nos encontrávamos , alegremente, em tempos adolescentes, onde e quando, o tempo não conta e os dias eram presentes e, nunca, passados.

Houve um tempo, em que o brilho nos olhos ganhava da luz das estrelas. Nesse tempo, de vidas marcadas, atravessavam o escuro das horas avançadas, as noites ousadas, de tantos prazeres...

Passado o tempo, foi-se, com as horas, o medo do amanhã, nas certezas do viver.

Acerta e adianta seu relógio e, perdoa o meu tempo, há tanto, perdido em algum lugar do passado. E desfruta dessas horas, vividas no agora, no tique-taque dos ponteiros e nas batidas do coração.

Elenice Bastos.