Sem-teto
E via a casa caindo, nos prantos de leito de morte, de vontade de não mais querer construir outra depois de tantos escaldos e rescaldos. Não tinha mais forças para aquilo, que atormentava no varrer de tudo em direção ao rio, ao mar, ao oco.
Sem vintém, nem ninguém com quem contar, catava os escombros, na cerâmica dos blocos da tão vigorosa morada que se dissolvera em barro de lama de pirambeira. Restante, só espalhamento de fotos flanadas no ensopado, papéis e bilhetes em rasgos da lembrança, sem mais do que recordar.
Era hora de reerguer peito e janelas de nova morada, abertos para receber outra brisa sem chuva. Numa visita para ficar, e preencher cavidades e sentimentos com novidades e acalentos. Na chegada de um alguém-calmaria, que ajude na solidez de morada. E que, mais tarde, ressabie pele e entranhas, e solape tudo em jovem estação.