NUMA ESQUINA DA VIDA
Certa vez, a mulher resolveu consultar uma cartomante. Havia muito que carecia de sorte. Era pobre de tudo. Sem nada mesmo. Nem família, nem amigos, nem trabalho, nem rezas. A cartomante vivia cercada de gatos pretos e não cheirava bem. No entanto, pedia o pagamento antes de jogar as cartas. Dava mais sorte, segundo ela. Com a mulher, ela falou de um moço moreno, lindo de morrer, que lhe atravessaria a vida. Podia topar com ele logo na saída ou quando chegasse em casa. Não foi na saída nem na chegada. Foi numa esquina e ainda era dia claro. Um moço moreno, não se sabe se tão lindo, pediu-lhe a bolsa. Ela lhe deu um sorriso. O moço queria era mais. Então, deu-lhe um tiro no peito e fugiu com uma bolsa puída, vazia, pobre de tudo.