Pressentimento

Ele parou na porta e disse: "vem". O tom era seco, a voz, autoritária. Ela hesitou, paralisou. Aquele sexto sentido, que já lhe prestara serviços, agora a dominava, imperioso. Ele insistiu: "Estamos atrasados, o que há agora?" "Não posso ir, estou com diarreia." Furioso, ele praguejou. "Desculpa, não estou bem", disse ela, correndo para o banheiro. Ele fez menção de ir atrás, mas desistiu. Um alívio percorreu-lhe o corpo quando ouviu o carro arrancar. Pegou o celular e chamou o irmão. Depois de um tempo que lhe pareceu muito comprido, ele respondeu. "Podes vir me buscar?", falou apenas. Ele já sabia. Prometeu chegar em seguida. Com rapidez, ela colocou em uma sacola o que julgou mais necessário. Só se sentiu tranquila quando se viu na casa da família.