SUBMERSOS

Observa imagens pelo vidro de um aquário. Nenhuma vida além da sua habita ali; humanos-peixes-plantas já morreram todos e nada mais lhe suga empenho ou interesse. Encerra-se às paredes transparentes de seu universo aquoso, sem amparar os pés no fundo, porque não o alcança. Agita mãos, braços e pernas, cumprindo assim o insano ofício de ocorrer. As coisas lá de fora dançam tortas, com suas formas maleáveis e embaçadas, diante das vistas enfadadas de enxergar.

Num gesto inconsciente, rompe o vidro e alcança o mundo externo. Com alguma surpresa, percebe-se em meio a um mar de muitos aquários. Em cada um deles, outro solitário se afogando.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 14/07/2018
Código do texto: T6389774
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.