SUBMERSOS
Observa imagens pelo vidro de um aquário. Nenhuma vida além da sua habita ali; humanos-peixes-plantas já morreram todos e nada mais lhe suga empenho ou interesse. Encerra-se às paredes transparentes de seu universo aquoso, sem amparar os pés no fundo, porque não o alcança. Agita mãos, braços e pernas, cumprindo assim o insano ofício de ocorrer. As coisas lá de fora dançam tortas, com suas formas maleáveis e embaçadas, diante das vistas enfadadas de enxergar.
Num gesto inconsciente, rompe o vidro e alcança o mundo externo. Com alguma surpresa, percebe-se em meio a um mar de muitos aquários. Em cada um deles, outro solitário se afogando.