Ela é morena...
Ela estava tão feliz consigo mesma, aproveitando os momentos da vida. Sorria, alegrava-se, pulava, dançava... Ah, enfim ela havia entendido que a felicidade verdadeira não está ''no outro'' e que ela deveria primeiramente se amar e buscar ser a ''pessoa certa'', antes de tentar encontrar a ''pessoa certa''.
Nessas idas e vindas da vida; nesse tempo que ela reservou para ficar em sua própria companhia, conhecendo mais a si mesma... Cultivando amizades, e dando o seu melhor em tudo... Deparou-se um dia com um rapaz que trabalhava na coordenação do curso dela. Na primeira vez que ela o viu, o coração não palpitou forte... Ela olhou firmemente para ele e encantou-se com o seu modo gentil de tratar as pessoas que iam pedir alguma informação. Ele sempre mantendo uma postura profissional admirável, sempre eficiente no que fazia. Por um instante ela sentiu medo e começou a relembrar experiências excruciantes que deixaram feridas quase incuráveis em seu coração. Ela temia decepcionar-se outra vez... No entanto, uma parte dela falava mais alto: ''Dessa vez deixe tudo nas mãos do Senhor! Não tenha medo de tentar novamente''. E com esse pensamento que eliminou todos os outros, ela guardou tudo aquilo em silêncio.
Dirigiu-se umas cinco vezes àquele local para tratar dos assuntos referentes à faculdade. Ele sempre atento e disposto a ajudar, a encarava com um olhar profundo e inquietante. Algo naquele rapaz trazia calmaria ao coração dela. Dessa vez ela não contou para ninguém tudo o que estava acontecendo dentro de sua alma. Sentia algo muito forte dentro de si! Não sabia explicar... Não queria fazer a sua vontade, seguir o seu coração, pois sabia que o coração é mui enganoso e, só Deus o conhece e esquadrinha os nossos pensamentos. Num belo dia, conversando com uma colega da faculdade, ela descobriu que esse rapaz gostava de uma moça que já era finalista... Ela inconscientemente sentiu uma felicidade imensurável e uma certeza absoluta. Ele deu apenas uma característica da tal moça: ''Ela é morena''. Um turbilhão de pensamentos tomou conta da mente dela. Um traço muito geral... Nossa, quantas morenas existiam naquela faculdade? Bilhões... Cogitou que poderia ser qualquer uma, menos ela. O sentimento de inferioridade invadiu a sua mente e ela entristeceu-se.
- Com certeza deve ser a ''fulana'', dizia.
Todavia, quanto mais ela queria esquivar-se da situação, mais ela sentia algo muito bom dentro do peito: ''Uma certeza!''.
Não me pergunte: ''Certeza de quê?''... Ela ainda não sabe... Ou melhor, até que sabe... Muitos podem achar tolice ou coincidência, entretanto ela prefere confiar e permanecer em silêncio... Deixar esse assunto entre ela e seu Pai!
Esse final vou ficar devendo à vocês... Peço apenas paciência, caros leitores!
''Ela é morena''...