A despedida
Olhou o mar mais uma vez. Viu quando as velas se levantavam aproveitando o vento da aurora... Não resistiu. Deixou as malas no calçadão, descalçou as sandálias, dobrou a barra da calça e pisou a areia úmida de sereno. O mar estava longe ainda, em pouco tempo a maré subiria e os barcos de pescadores seriam levados mar adentro. O sol ia colorindo as águas, cada vez mais verdes... Sentiria saudades daquela costumeira tela. Mas a vida é assim mesmo, pensou, são tantas as paisagens... Uma delas, dali para frente, encheria seus olhos como aquela que se acostumara desde a infância. Ouviu a buzina e o motorista do táxi, parecendo impaciente, já carregava o porta-malas.
Voltou resignada ao calçadão, mas parou de súbito, se voltou e uma vez mais olhou aquele oceano que foi o cenário da sua vida até ali.
Suspirou profundamente... parecia deixar na brisa daquela praia, um pouco de si.
As águas já subiam e pôde ver um barquinho, com um pescador solitário, beijando as cristas das ondas... Teve vontade de chorar.
Cláudia Machado
14/5/18