Persignou-se.
Selou com o sinal dos cristãos a testa, a boca e o peito. Levantou-se.
Tomou a porta de saída, e foi seguido pela voz que brotava de seu interior:
A muitos, ensinaste, deste força a mãos frágeis. Tuas palavras levantavam aqueles que caiam. Agora tu mesmo enfraqueceste. E em lugar do pão tens o soluço.
Fechou a igreja, andou a passos largos até o beco dos aflitos e entrou na tenda do pecado.
Era dia de finados do ano que já passava de dois mil.
— Bom— dia, minha filha! O padre não tem quem lhe faça o almoço hoje — disse ele ao deparar-se com Chanana a recolher, apressadamente, as calcinhas estendidas no varal — desculpe-me por não anunciar minha chegada.
— Entre.
— Os cães não pedem permissão para comer as migalhas que caem da mesa do rico.
— Bem vindo homem de Deus.
— Não tenho mais certeza se estou a serviço de Deus. Eu bem sei que tu és Clara, e eu, um cisco na casa de Assis.
— Clara, eu? Sou uma nesga de Sol, tentando rasgar o negrume das minhas noites de insônia.
— Se falas dos espinhos da carne, eles me ferem, mortalmente, nas poluções noturnas que tenho em sonho com uma paroquiana. Dormindo ou em vigília, meus pesadelos me acompanham.
— Evite pensar na pessoa que tem sido a causa de suas elucubrações.
— Não consigo vê-la sem que me venha o desejo de tocá-la, sentir a maciez de sua pele, acariciar suas mãos e cabelos. E porque não posso fazer corporalmente, meu pensamento vai aonde a mão não alcança.
— Espinhos da carne.
— Sim. O homem que mortifiquei em mim, quer ressurgir das cinzas. E essa chama que arde sem queimar tem nome.
— Amor platônico?
— Não. Chanana Tupixá.
— Cruz credo. Não quero ser motivo de escândalos. Se alguém se perder por causa do meu pecado, serei culpada de morte, e ambos iremos para o inferno.
— Somos pedra que anda. E mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos de Abraão.
— Queres dizer: pedras que se consomem?
— Sim. Que se consomem de amor, como gelo que derrete na presença do fogo.
— Ai daquele que for motivo de escândalo para o semelhante.
—Tu podes ser o atrativo que Deus quer usar para revelar minha vocação.
— Podemos ser amigos na fé. Contanto que sejamos prudentes.
— Sinto restauradas minhas forças, quando estou em tua presença. Vais me negar isso?
— Não sou deusa do amor. Se me conheceres melhor, quebrará teu encanto por mim.
— I love my life, because…
-- Vi o filme. Não precisa concluir a frase. Nem traduzir.
-- Gostaria de ter sido eu o autor desta obra.
— É uma Linda história de amor escrita por Erich ....Podemos ser amigos, contanto que respeites minha condição de casada. Sejamos prudentes. Se for vontade de Deus, seremos como Clara e Francisco.
***
Aalberto Lima, trecho de "Estrada sem fim...)
Contato: adalbertolimapoetadedeus@gmail.com
Selou com o sinal dos cristãos a testa, a boca e o peito. Levantou-se.
Tomou a porta de saída, e foi seguido pela voz que brotava de seu interior:
A muitos, ensinaste, deste força a mãos frágeis. Tuas palavras levantavam aqueles que caiam. Agora tu mesmo enfraqueceste. E em lugar do pão tens o soluço.
Fechou a igreja, andou a passos largos até o beco dos aflitos e entrou na tenda do pecado.
Era dia de finados do ano que já passava de dois mil.
— Bom— dia, minha filha! O padre não tem quem lhe faça o almoço hoje — disse ele ao deparar-se com Chanana a recolher, apressadamente, as calcinhas estendidas no varal — desculpe-me por não anunciar minha chegada.
— Entre.
— Os cães não pedem permissão para comer as migalhas que caem da mesa do rico.
— Bem vindo homem de Deus.
— Não tenho mais certeza se estou a serviço de Deus. Eu bem sei que tu és Clara, e eu, um cisco na casa de Assis.
— Clara, eu? Sou uma nesga de Sol, tentando rasgar o negrume das minhas noites de insônia.
— Se falas dos espinhos da carne, eles me ferem, mortalmente, nas poluções noturnas que tenho em sonho com uma paroquiana. Dormindo ou em vigília, meus pesadelos me acompanham.
— Evite pensar na pessoa que tem sido a causa de suas elucubrações.
— Não consigo vê-la sem que me venha o desejo de tocá-la, sentir a maciez de sua pele, acariciar suas mãos e cabelos. E porque não posso fazer corporalmente, meu pensamento vai aonde a mão não alcança.
— Espinhos da carne.
— Sim. O homem que mortifiquei em mim, quer ressurgir das cinzas. E essa chama que arde sem queimar tem nome.
— Amor platônico?
— Não. Chanana Tupixá.
— Cruz credo. Não quero ser motivo de escândalos. Se alguém se perder por causa do meu pecado, serei culpada de morte, e ambos iremos para o inferno.
— Somos pedra que anda. E mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos de Abraão.
— Queres dizer: pedras que se consomem?
— Sim. Que se consomem de amor, como gelo que derrete na presença do fogo.
— Ai daquele que for motivo de escândalo para o semelhante.
—Tu podes ser o atrativo que Deus quer usar para revelar minha vocação.
— Podemos ser amigos na fé. Contanto que sejamos prudentes.
— Sinto restauradas minhas forças, quando estou em tua presença. Vais me negar isso?
— Não sou deusa do amor. Se me conheceres melhor, quebrará teu encanto por mim.
— I love my life, because…
-- Vi o filme. Não precisa concluir a frase. Nem traduzir.
-- Gostaria de ter sido eu o autor desta obra.
— É uma Linda história de amor escrita por Erich ....Podemos ser amigos, contanto que respeites minha condição de casada. Sejamos prudentes. Se for vontade de Deus, seremos como Clara e Francisco.
***
Aalberto Lima, trecho de "Estrada sem fim...)
Contato: adalbertolimapoetadedeus@gmail.com