Sobre sentir saudade
Sobre sentir saudade...
Você passa quase quatro anos com a pessoa, mas, inesperadamente, o vento a leva. Aí a pessoa fica mal, decide que não vai mais se envolver com ninguém, é engolido pela saudade, mas aprende a suportar. Nos anos primeiros, tido parece se dissolver em nós, não encontramos razões para querer respirar, para abrir os olhos, mas o tempo nos faz perceber que ainda estamos vivos e, por mais que tenhamos motivos para seguir, aprendemos que seguir é necessário. Então, abrimos mais uma vez os olhos, dessa vez com o coração e tudo o que você jamais imaginária que aconteceria, acontece: a pessoa se vê apaixonada. É tudo tão intenso, tão verdadeiro e brando que parece que vai perecer, mas a reciprocidade nos faz perceber que vai dar certo. Envolvemo-nos numa intensidade que jamais imaginei, dediquei-me, entreguei meu coração numa caixa de vidro, acreditei que seria bem tratado. Foi. No entanto, num descuido a caixa caiu e fez alguns breves ferimentos no coração, nada que não pudesse sarar, mas as gotas de sangue eram perceptíveis. Juntou-se os cacos do vidro e não mais havia uma proteção para o pobre coração. Começou a zelar, fez um curativo no tempo e esperou que a primavera chegasse. Chegou. Quando tirou as faixas, as cicatrizes estavam ali, mostrando que houve descuido. O tempo, com sua delicadeza, mostrou que as lembranças sempre viriam. Chegaram. Acreditava-se que esperar eternamente fortaleceria qualquer vínculo, mas foi preciso pensar. Quando você menos se deu conta, acaba descobrindo que, apesar das cicatrizes, seu coração aprendeu a ser feliz sozinho. Nesse momento não há espaço para sentimento algum, apenas as lembranças de um coração que um dia amou, mas agora aprendeu a se amar... Ainda é tempo de sentir saudade, apenas saudade...