CRÔNICA
Estudava dia e noite pra ser alguém na vida. Estudava, não desistia. Era o orgulho da mãe, o exemplo que o irmão caçula iria seguir, o namorado exemplar, o genro que toda sogra queria ter.
Mas...
(sempre que esta conjunção - o "mas" - aparece, o enredo deixa seu caráter descritivo e linear para estabelecer outras bases; aqui, no caso, um pequeno suspense)
Hoje uma mãe chora em silêncio sentada na cama de seu quarto humilde. Um adolescente conta vantagem na esquina da escola falando que é tão inteligente quanto o irmão. "Que irmão?", pergunta um amigo recente, "Você não é filho único?" Ali perto, a menina se arruma para sair sozinha, pela primeira vez, com o novo namorado.
Não muito longe, um velho maltrapilho bebe mais uma pra esquecer.