GOTAS DE ESPERANÇA

Dia após dia se ressecava, transpirando sua esperança em gotas perfumadas. As forças já lhe faltavam, erguer os braços ou arrastar as pernas eram tarefas árduas que, pouco a pouco, tornaram-se impossíveis. Vivia amuado, sentado sobre a poça de esperança vertida. Era próximo seu fim.

Foi à tardinha. A impassível cuidadora havia deixado seus resquícios secos no jardim, para que ele respirasse mais confortavelmente. Ao retornar, deparou-se com um montículo de finos grãos derramados sobre a terra molhada. Cercou-o com pedrinhas, para evitar que o vento dispersasse o homem que virou poeira, e se retirou, a fim de pensar melhor no que fazer. Quando voltou, decidida a recolher o monte de pó humano e entregá-lo às autoridades, encontrou uma bela roseira, toda florida! A esperança entornada do homem que secou devolveu-lhe a vida em estado de rosas.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 09/11/2016
Reeditado em 08/07/2018
Código do texto: T5818040
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