Manual de descida

O fim estava presente mesmo antes de qualquer esboço de começo, ele era neon, era ruído, era espinho penetrando a pele. E eu era eu: subi no barril velho e me joguei nessa tua queda d’água.

Tive um outro colo para descansar a cabeça — e essa, propriamente dita, no lugar. Tive um outro alguém para concordar que essa rua perto de casa se parece com aquela do outro lado da cidade. Usei-os como peneira — filtrei o vento. O segredo é esquecer.

Sorrio, então. Não é preciso que ao fim o barril reste dilacerado nas pedras pontudas. Se elas não estiverem lá, você aterrissa do mesmo modo que pulou — com as certezas infladas. E flutuei: tateei o teu corpo e tatuei em mim o teu cheiro, que ele vai ficar, mesmo que você não.

A gente nunca quer que acabe.