O seu menino
Decorriam os anos, ela persistia. Queria que ele reagisse, que tomasse um rumo, se desprendesse de seus cuidados, como se sua mãe fosse. Se não era de fato, exercia praticamente as funções, desde que a mãe morrera e ela ficara, apenas adolescente, com o irmãozinho nos braços. Depois, o pai se fora, atraído por um novo amor, deixando-os juntos, embora não desamparados. Ela persistia. Queria-o livre de amarras, queria-o no gozo de uma autonomia plena. Quando já perdia as esperanças, ele lhe comunicou: ia morar com a namorada. Que ficasse tranquila, ele saberia dar um jeito na sua vida. No momento em que ele foi embora, ela fechou a porta e adentrou lentamente pela casa, o coração dividido entre a sensação de alívio e uma prévia e indescritível saudade.