Fantasia

No alto da cidadezinha erguia-se um castelo, o maior patrimônio da região. As terras férteis que o circundavam permitiam a plantação de flores, que a prefeitura vendia no país e no exterior. O povo orgulhava-se daquele castelo, construído há três séculos por um nobre excêntrico. Sem mulher e sem filhos, ele deu o melhor de si para que o castelo ficasse exatamente como ele queria. Muito tempo depois, a propriedade foi parar nas mãos da prefeitura, que o recuperou e procurou tirar dele um bom proveito. Durante os fins de semana, os pais descansavam à sombra das árvores, enquanto as crianças brincavam no parque infantil. De repente, estourou uma bomba: autoridades estavam desviando as rendas auferidas com a venda das flores! A economia local encontrava-se em crise! O tumulto sacudiu a cidade. O juiz apontou o dedo para o prefeito, numa incriminação sumária. Ninguém quis saber quem eram os verdadeiros culpados, a televisão martelava o tema dia e noite, fazendo a cabeça da maioria. Discretamente, uma turma mui experiente apossou-se do poder para pôr ordem no caos. Primeiramente, venderam uma parte das terras que circundavam o castelo; a seguir, liquidaram o parque infantil; finalmente, despediram os empregados e venderam o castelo com toda a sua produção para um consórcio da capital. Uma onda de tristeza abalou o povo daquela cidade, que viu a sua situação piorar. E muitos deram-se conta de que, num piscar de olhos, haviam perdido o seu principal patrimônio.