Um homem especial
Ele era bonitão. Porte ereto, cabelos pretos ondulados, belos olhos verdes. E as meninas corriam atrás. Ela o observava meio de longe, curiosa por descobrir o segredo daquele homem que, embora jovem, parecia estranhamente sério. Talvez até alienado, como se não se desse conta de que, ao passar, despertava interesse. O mistério só se desvendou no dia em que assistiu a uma apresentação cultural: descobriu-o entre os participantes, levemente agitado, mais atento ao ambiente, segundo a sua impressão, do que costumava ser. E, então, chamaram-no ao palco. Ele levantou-se e, modulando a voz, inflamando-se aos poucos, declamou poemas de sua autoria. Seus versos adentravam o seu ser, calavam fundo. Quando terminou, ela o aplaudiu com entusiasmo. Curiosidade satisfeita, sentia-se plena.