O leite de Ritinha
Quando a 'espanhola' chegou e mal se apresentou, já foi ceifando gente, incréu ou fervoroso crente, sem poder que lhe fizesse frente. Uma pandemia, noite-e-dia.
Os prostrados, vendo passar silentes e termitentes cortejos, só temiam jazer sem ser levados, e que não se cumprisse ao menos o sacro dever de serem enterrados. Mas não levou todos a 'espanhola'. Matou, derrubou, atemorizou, mas passou. Um mistério deletério que não cabia no cemitério.
Velusiano, poupado de enterrar sua meninada, a reerguê-la, viu-se forçado, de repente. E coube a Ritinha, a menos fraquinha da prole munir-se da leiteira, e coragem verdadeira pra cruzar a porteira à busca do leite redentor, em meio àquele mar geral torpor. E o pai havia investido ali todas suas parcas economias, mas a ânsia de rever agitada toda a meninada valia a fortuna empenhada.
Só que na volta, sem fazer as contas do lucro que, quem sabia, aquela carga daria, Ritinha, já molinha, pela lama, com o leite rolaria. Ao lado da leiteirinha vazia, encheu-se de fé, pois é, que a todos de pé poria...