João Saboia
Estavam eles sentados debaixo daquela grande árvore. Eram somente crianças. Seus olhos brilhavam. João Saboia os guiava através do saber. As misteriosas poesias que apareciam sobre a Cidade já haviam causado muitas modificações no jeito de viver dos cidadãos daquela viela. Os mais idosos voltavam a escrever poesias... As crianças tentavam decifrá-las. A grande árvore abrigava a todos. Mas também nos momentos em que se lembravam crianças cantavam, brincavam à sombra do imenso jacarandá. Era somente um adolescente de 13 anos, mas João Saboia já muito morava sozinho. Seus pais morreram em um acidente aéreo quando tinha apenas 6 anos de idade. Seu avô que morava junto com a família fugiu para as montanhas, vítima de um ataque de loucura. Ninguém mais o viu. O menino foi criado pelos vizinhos, todavia a cada dia ele conseguiu sua independência. Cuidava da sua alimentação. Era autodidata. O saber era como um parque de diversões à sua frente. Com pouca idade, estudava, mas também trabalhava. Cultivava a horta de sua casa e de lá retirava que tudo que precisava para sobreviver. Como era imenso o terreno de sua casa dava para criar alguns animais que garantiam parte das suas necessidades nutricionais, como algumas cabras, galinhas e duas vaquinhas. O seu principal a fazer para garantir a compra de outros gêneros alimentícios, de limpeza e outros advinha da venda de recicláveis. Os livros jornais e revistas que o interessavam os separavam e os devoravam na leitura que a desenvolveu, dinâmica. Com tudo isso, Saboia sabia muito...
Tocava violão, piano, flauta tudo aprendia sozinho, com esses instrumentos consertados a partir de serem encontrados no lixo, ou ganhos dos seus vizinhos.
Sobravam os finais das tardes livres a João... E estavam sendo aproveitados desde a aparição misteriosa dos poemas em fragmento para estudá-los, para motivar outros aprendizados.
No início as crianças se reuniram e os leram muito, repetiram até que um dia João resolveu participar da discussão e ficou por ali contribuindo com seu saber.
Esperem! Vejam a luz que brilha no horizonte! Todas as crianças pararam, não sabiam o que era horizonte. Ele apontou para onde o sol se punha. O sol estava lindamente ornado de alaranjado, discretamente encoberto por uma cortina rubra. Assim, didaticamente, descobriram um anova palavra. O menino mais velho, filho do jornaleiro falou:
- Como é lindo o horizonte!
Marcio José de Lima - Laranjeiras do Sul - 21/05/2015
Do blog devaneios literários do Lima