JOGANDO CARTAS

Poucos antes do jantar, Julio demonstrava a esposa, os truques de baralho que havia aprendido quando rapazote. Depois da brincadeira, a esposa foi até a cozinha terminar de aprontar a refeição. Quando Julio guardava o baralho, sua filha de cinco anos ao ver o pai com as cartas na mão, empolgou-se para demonstrar que também possuía alguma habilidade. Pegou três folhas do baralho, que mal cabia em sua mãozinha, jogou sobre a mesa e falou:

__ Papai adivinhe, qual cata que eu tou pensando.

O homem achando graça, respondeu:

__ Esta aqui minha filha, e tirou um az.

Esperou para ver a reação da filha, a menina pensou pôr alguns instantes e disse:

__ Paizinho, você acetou.

Júlio orgulhou-se da honestidade da filha.

Novamente a criança colocou a cartas, o pai virou um rei, e ela respondeu:

__ Papai, você elô.

O pai agora se admirou pela franqueza dela.

Rapidamente a menina jogou as cartas na mesa, Júlio voltou a errar, e assim por mais quinze jogadas. Com a fome apertando, e a comida pronta cheirando da cozinha, percebia que sua filha nem mais olhava as figuras das cartas, quase irritado falou:

__Filha eu não quero mais jogar, você está trapaceando.

A menina sentida, quase em choro falou:

__ Pai eu não tou tapaceando, apenas não penso mais em nenhuma cata. Esse é o meu tuque.

O pai espantou-se pela esperteza da filha, falando:

__ Filhinha se adivinhar o que o papai tá pensando te dou um beijo.

__Só papai.

__Dois beijos então.

__Ainda é poco.

__Quantos beijos você quer.

__Tês bejo e que me leve no paque no fim de semana.

__Está certo, minha menina.

__O papai não vai mi engana?

__Olha o respeito. É claro que não.

__Então vamo jantá papai.

julio damasio
Enviado por julio damasio em 14/06/2007
Reeditado em 22/06/2007
Código do texto: T527121