Sacudindo a poeira...
Não tinha mais tempo. Melhor, julgava que não tinha mais tempo. Olhava o quarto – revirado, papéis e livros ocupando nichos e tapetes, e desanimava. O tempo se escoara muito rápido, e os restos apareciam ali, por todo o lado, na velha casa de família. Papéis que não chegaria a organizar, livros que não conseguiria ler... Como fazer agora, que os minutos se esgotavam, que os dias passavam cada vez mais céleres? E, naquela dúvida, entre arrumar tudo e não arrumar nada, entre preocupar-se e deixar de lado, ciente de que a vida era curta, chamou a acompanhante. –Vamos fazer um passeio, um belo passeio nesse dia de sol! A outra ficou olhando-a intrigada. – Sim, é isso mesmo que tu ouviste, vamos para a rua. – Mas a senhora...?- Sim, estou me sentindo ótima, criatura. Em frente! E o velho carro saiu da garagem, para levá-las para a vida lá fora.