QUINTO ATO: DESPERTAR
Ela ouvia o apito do trem se aproximando,
os trilhos esquentavam e balançavam,
ela tentava se desencilhar das cordas,
era impossível se livrar a tempo
o trem estava muito rápido.
- Quem a teria amarrado ali?
Queria gritar e pedir ajuda,
não podia estava amordaçada,
era o seu fim,
o suor banhava suas roupas e o corpo tremia...
Apito final.
Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.
Às seis da manhã a chaleira, aos berros,
anunciava que o café estava pronto.
Ela acordou de sobressalto,
seu coração parecia sair lhe pela boca.
Gritou, mesmo depois de acordada.
Ele, indiferente ao seu grito, ofereceu-lhe uma xícara de café.
Ela recusou indignada a oferta.
Olhou para ele, empurrou-lhe a mão que segurava o café.
Saltou da cama,
Foi até a cozinha e jogou no lixo a chaleira assassina.
Retornou e retomou seu olhar fulminante para ele.
Verificou que suas roupas estavam encharcadas.
Correu para o banheiro e vomitou ar
com pequenas rajadas de bílis.
Voltou à cozinha.
Revirou o cesto de frutas a cata de um limão.
Corto-o em cruz e junto com sal fez dele sua primeira refeição.
Ele a olhava como se nunca a tivesse visto antes.
- Quem seria aquela mulher tão estranha morando em sua casa?
Pensava ele ainda com a xícara de café na mão.
Depositou a xícara na mesa de latão pintada de amarelo
onde se podia ler uma marca de cerveja -
presente de um amigo dono de um boteco.
Fim do desjejum.
Na porta da garagem trocaram um beijo.
Nem um dos dois disse nada.
Ele pegou sua bicicleta e ela o fiat 143.
O dia estava apenas começando.
Seguiram seus caminhos sem olhar para trás.
Este é o Quinto Ato do Conto minimanista:
"A vida a dois em atos", escrito em 1980.
Leiam também:
Primeiro Ato: O AMOR
Segundo Ato: O MEDO
Terceiro Ato: A DOR
Quarto Ato: A NÁUSEA
seguirão:
Sexto Ato: A CONTRAÇÃO
Sétimo Ato: A DESCONTRAÇÃO
Ela ouvia o apito do trem se aproximando,
os trilhos esquentavam e balançavam,
ela tentava se desencilhar das cordas,
era impossível se livrar a tempo
o trem estava muito rápido.
- Quem a teria amarrado ali?
Queria gritar e pedir ajuda,
não podia estava amordaçada,
era o seu fim,
o suor banhava suas roupas e o corpo tremia...
Apito final.
Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.
Às seis da manhã a chaleira, aos berros,
anunciava que o café estava pronto.
Ela acordou de sobressalto,
seu coração parecia sair lhe pela boca.
Gritou, mesmo depois de acordada.
Ele, indiferente ao seu grito, ofereceu-lhe uma xícara de café.
Ela recusou indignada a oferta.
Olhou para ele, empurrou-lhe a mão que segurava o café.
Saltou da cama,
Foi até a cozinha e jogou no lixo a chaleira assassina.
Retornou e retomou seu olhar fulminante para ele.
Verificou que suas roupas estavam encharcadas.
Correu para o banheiro e vomitou ar
com pequenas rajadas de bílis.
Voltou à cozinha.
Revirou o cesto de frutas a cata de um limão.
Corto-o em cruz e junto com sal fez dele sua primeira refeição.
Ele a olhava como se nunca a tivesse visto antes.
- Quem seria aquela mulher tão estranha morando em sua casa?
Pensava ele ainda com a xícara de café na mão.
Depositou a xícara na mesa de latão pintada de amarelo
onde se podia ler uma marca de cerveja -
presente de um amigo dono de um boteco.
Fim do desjejum.
Na porta da garagem trocaram um beijo.
Nem um dos dois disse nada.
Ele pegou sua bicicleta e ela o fiat 143.
O dia estava apenas começando.
Seguiram seus caminhos sem olhar para trás.
Este é o Quinto Ato do Conto minimanista:
"A vida a dois em atos", escrito em 1980.
Leiam também:
Primeiro Ato: O AMOR
Segundo Ato: O MEDO
Terceiro Ato: A DOR
Quarto Ato: A NÁUSEA
seguirão:
Sexto Ato: A CONTRAÇÃO
Sétimo Ato: A DESCONTRAÇÃO