Uma história que não quer dizer nada

Ela vivia entre duas pedras. Havia uma abaixo de si, onde se apoiava e podia sentir os pés em terreno firme, e outra acima da cabeça, que não a deixava levantar-se inteiramente e limitava seus movimentos.

Ali, embora um tanto restrita, sentia-se segura, num aparente conforto.

Algumas vezes tentava sair de seus domínios, mas não conseguia. Sua tática era inútil. As pedras sempre impediam sua saída.

Assim levava a vida, de tentativa em tentativa... Quanto mais crescia, mais limitada ficava.

Um dia, porém, percebeu que poderia encolher-se de tal forma e esgueirar-se de tal maneira que as pedras não seriam mais um obstáculo à sua fuga. Aliás, as pedras nunca se opuseram a isso, apenas ali estavam.

Pouco a pouco, ela, nossa trágica heroína, conseguiu desvencilhar-se de suas amarras.

No dia em que finalmente sentiu-se livre, teve medo, teve frio. Estava velha e debilitada. Nesse dia, longe de suas pedras, morreu.