Festa no céu

No comboio há tanto tempo, já não importava a velocidade. Da janela, deveria parecer que estava tudo a correr, mas não. Era só mais uma pintura, arredia, borrada, com a mesma paisagem de todas as viagens. Em casa, era onde gostava de estar. Mirei o céu. Na imensidão do azul, vi brancas nuvens a correr num passo sem fim. Estas, sim, estas, em altíssima velocidade. Aveludadas, bem postas, charmosas e de um branco esplendoroso. Não havia dúvidas, era dia de festa.

***

Na estação, abri meu guarda-chuva. Preto. Fechei-o antes de ganhar as ruas. Foram molhados passos até à porta de casa. Sublime, deixei-me libertar a felicidade.