Paris & Pasárgada

Era uma tarde quente de verão.

Os dois sentados no pontilhão com os pés balançando no ar.

Lá embaixo, ouvia-se a gritaria dos que esbaldavam naquele rio caudaloso.

Ele, moleque do lugar, conhecia todas as curvas e profundezas do rio;

ela, crescida no asfalto, não sabia nem como colocar os pés na água.

Olhavam um pro outro sob aquele céu azul e tudo parecia bastar.

Puxando assunto, o menino perguntou o que ela tanto escrevia, pois carregava um bonito caderno com florzinhas na capa. Entusiasmada, foi contando que anotava sobre tudo que via desse mundão de Deus e mal percebeu que o olhar do ouvinte escurecia.

Na última página escrita, havia um belo poema onde o autor terminava com -"... entre Paris e Pasárgada."

E um comentário - "pois Pasárgada tem o tamanho e a beleza do (seu) coração"

O menino de chofre - " você prefere Paris"!

Nem ao menos perguntou.

Ela ficou quieta e guardou a sinceridade para quem ouviria.

Conheceu Paris.

Pensando bem, foi um belo consolo.

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O belo poema - "entre paris e pasárgada" - Francisco Zebral

ninguém pode

interditar o sonho

ou proibir a viagem

entre duas egrégoras

ou duas almas

de tanto ouvir o silêncio

é possível tateá-lo

e tecer no coração

o mapa e a passagem

entre paris e pasárgada

.

lilla wood
Enviado por lilla wood em 11/08/2014
Reeditado em 12/08/2014
Código do texto: T4919040
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