ontem anoite
Na primeira bola que recebi parti pra cima do zagueirão, busquei fundo um pouco de ar, esta fungada descolou um catarro grosso da minha garganta, que guspi de lado facilitando a entrada do ar. As primeiras cornetadas já podiam ser ouvidas, as vozes vinham de dois caras sentados nas mesinhas atrás do gol tomando uma cerveja, justamente o gol em que eu atacava. Muitas vezes um par de corneteiros exerce maior irritabilidade que uma massa em explosão. O zagueiro chutou pra longe minha tentativa, voltei ao meio campo na esperança de formular a próxima jogada.
A bola chegou na frente quicando eu aparei com a ponta da chuteira, olhei o para a cara do defensor jogando de leve o corpo para à esquerda, passei o pé sobre a bola deixando rolar pelo vão das duas pernas e sai pela direita do zagueiro abrindo espaço para um chute seco de canhota por baixo do goleiro, rasteirinho bem sujo, daquelas que sobem um pouguinho no morrinho artilheiro escapando das mãos do guarda metas e entram mansamente no gol, sacramentando a vitória.