Brincadeiras

Não é como eu queria que fosse. Não devia perder minhas asas no meio do caminho. Eu não pretendia entrar nesse jogo cruel em que se apostam corações.

Queria que o outono permanecesse, mas o inverno veio rápido demais, congelando os céus mais azuis. Só imploro pela primavera, derreta o gelo impiedoso. Tudo tão rápido. E eu te amo quando penso te odiar, porque eu odeio quando te amo.

- Bom, só vou te avisar sobre uma coisa: Eu vou te magoar. Vou destruir seu coração. Vou continuar te machucando, te testando, só pra ver quanto você aguenta.

Eu não queria te machucar. Esta cortando minha alma. Sim, eu tenho alma.

E dói. Cada ferimento que te causo me consume.

Eu só queria ser uma boa menina, mas o veneno escorre pelos meus lábios com essas palavras dolorosas, metálicas, frias. Mais parecem navalhas.

- Continue, você sabe que sou masoquista, aproveite. Brinque. Como um gato brincando com um inseto.

Desperdice o amor que te dou, atire onde mais dói. Eu suporto.

Quando eu te machuco estou despedaçando meu coração, talvez, eu também seja masoquista.

- Eu vou te usar até você quebrar.

Por favor, não corra para longe. Fique comigo e aguente. Só não quero te perder.

- Sinto em lhe informar, mas eu não quebro tão fácil.

As lágrimas caem e não para, choro suas dores. Machuca?

- Quanto mais resistente o brinquedo mais divertida é a brincadeira.

Não quero mais jogar esse jogo, não quero dizer isso.

- Uma hora você vai se cansar de brincar.

Uma hora eu vou crescer e tenho medo de te esquecer. Eu preciso de você.

O amor não devia doer. Está frio, abrace meus espinhos e deixe sangrar.

Não me odeie. Por favor, não se canse de mim. Você disse que morreria, estaria me levando junto.

Não me abandone, eu te amo.

Amanda Nunhofer
Enviado por Amanda Nunhofer em 22/07/2014
Reeditado em 25/12/2014
Código do texto: T4892487
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