A Bruxa

Havia um jogos que costumavam jogar no meu colégio. “ Caça a bruxa”.

Era para ser só mais uma brincadeira de pega-pega. Todos gostavam.

Mas por algum motivo, eu odiava.

Observei a mecha chamuscada do meu cabelo cair na pia, já me preparando para pegar outra parte e cortar. O hematoma no meu olho já estava bem melhor.

“Argh!” Reclamei quando acidentalmente a tesoura tocou a queimadura no meu pescoço.

Quando finalizei, joguei a tesoura na pia e lavei as mãos, senti a água escorrer por cima das cicatrizes no meu pulso. Isso trazia uma deliciosa adrenalina.

Me observei no espelho, estava bem melhor agora, sem todo aquele cabelo escondendo meu rosto.

Coloquei meu uniforme, neste dia em particular estava ansiosa para ir a escola. Afinal, faziam duas semanas que não frequentava a aula, estava com “saudades”.

Peguei minha bolça, lembrei-me de pegar o álcool, o isqueiro e a arma do meu pai.

Fui caminhando pela rua tranquilamente. Era um belo dia de sol.

Quando entrei na sala de aula, todos me encararam. Eu sorri de volta.

Havia uma grande agitação na frente do prédio. Bombeiros, policiais e curiosos. Podia se ouvir alguns comentários.

“ O que houve?”

Alguém da multidão perguntou.

“ Parece que uma sala pegou fogo!”

Os bombeiros traziam alguém para fora. Uma menina de cabelos curtos, envolta em um cobertor, não parecia estar ferida. Era curioso o sorriso triunfante em seu rosto.

As pessoas mal sabiam que em algumas horas as manchetes de todos os jornais estariam falando da tal garota.

“ Estudante bota fogo em sala de aula, ninguém sobrevive”

Amanda Nunhofer
Enviado por Amanda Nunhofer em 21/03/2014
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