Reminiscências

Olhando-se pela vigésima vez ao espelho, constatou que todos os seus esforços haviam sido inúteis. Apesar de tantos toques e retoques na maquiagem para deixá-la com uma aparência mais saudável e jovial, não havia conseguido alterar a expressão angustiada do rosto. Seus olhos refletiam a dor de dias tormentosos. Via-se claramente a expressão do medo, da insegurança e, por que não dizer, da desilusão. Esforços inúteis!

Lembrava-se de quando tinha o seu amor perto de si. Seu rosto refletia seu sentimento, o riso era uma constante, seus olhos espelhavam a paixão, não necessitavam de artifícios. Lembrava-se de suas mãos enlaçando seu pequeno corpo: mãos poderosas, firmes. Gostava de senti-lo próximo, de senti-lo encostar-se em suas costas e estreitá-la em seus braços.

Recordações tão presentes de uma ausência dolorida.