A CRIATURA
Enquanto o homem interrompia seus passos no caminho desértico e tão sepulcral, folhas secas voavam como penas pelo vento, agitando-se, como se algo estranhamente trevoso estivesse marcando presença. Ele andava de mansinho, vire e mexe olhando ao seu redor. Diante de suas intuições logo percebeu um movimento. E então, naquela madrugada fria e inquietante, quando faltava apenas um pequeno e promissor segundo para descobrir de uma vez por todas a revelações daquilo que o perturbou noites ao relento, todos os anos de sua misericordiosa vida, bastou apenas um piscar de olhos, apenas um, para infiltrar-se totalmente no caminho obscuro sem fim, e alcançar aquilo que ele desejava há tantos anos. Contudo, não hesitou em poder decapitá-la e decepá-la feito um verme de outro mundo. O que era dela já estava escrito. Ou melhor, guardado.