Medo do que?
Ele não era de confiança.
Já era noite quando deduzi isso. Ficava olhando aquela cara sem expressão, rabugenta. De vez em quando ele me olhava, aí eu ficava toda arrepiada. Não que ele fosse lindo, mas também não era feio. O que me causava curiosidade eram os lábios. Grudados. Nunca ouvi um tantinho da voz dele. E claro que isso acumulava na lista de coisas a se temer e desconfiar. Ele andava sem fazer barulho, e quase não virava a cabeça. Quando virava, parecia procurar alguém. E eu lá, sentada de frente pra ele... Tremendo, tremendo...
Até que uma voz forte chamou.
- Zé Carlos, sua vez! O doutor vai te atender agora!
Ele se levantou sorrateiramente e se encaminhou até a sala do médico. Um alivio invadiu meu corpo. Fiquei relaxada.
Eu seria a próxima.