O casal acordou-se na calada da noite. Era madrugada. O barulho indiscriminado não lhes dava trégua. Houve vigília, ela só cochilou. Quando o ruído propagou-se, a medrosa senhora sacudiu o marido, dizendo: - acorda, acorda, escuta...
Abriu os olhos apavorado e saltaram da cama. Procuraram, olharam, olharam..., não viram ninguém. Combinaram não dar importância para a imaginada assombração e dormiram. Já estavam no terceiro ciclo do sono, quando o ruído entrou nos seus ouvidos como um estampido de tiro. Pularam da cama. Revisaram canto por canto da casa. Não encontraram nada, o barulho parou. Os dois reclamavam do tormento, falando: “Será o Benedito! O que é isto? Que barulheira!”
Caminhavam e diziam: “esta assombração não quer nos deixar dormir”!

Voltaram para o quarto, nem chegaram à cama, ouviram um grito: “socorro”! Saíram correndo. Chegaram à cozinha ofegantes, quase desmaiaram de susto. Surgiu um gemido de dentro da chaminé do fogão. Retiraram a tampa da caldeira; a água borbulhava; abriram as comportas. Os pés batiam naquela água fria com cheiro de xixi.
Os bombeiros acordaram os moradores da quadra. Foi uma luta. Cortaram o alumínio da chaminé. O casal surpreso trocava olhares de espanto, assistindo o drama. Caminhavam ao redor do fogão e pensavam: “não roubaram nada”.
Viram a chaminé em pedaços. Falaram com voz rouca:
— Coitado do homem!
 Foi parar no Pronto Socorro!
Izabel Camargo
Enviado por Izabel Camargo em 08/09/2013
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