Sobre o chão do hospital vi um diamante.
Estava lá, brilhando majestoso. Peguei-o e pensei o que fazer. Procurar o dono. Mas quem teria um diamante em um hospital?
Voltei ao quarto da minha mulher, o rosto alterado, e ela, ao me ver, perguntou:
- O que houve?
- Nada – respondi, baixinho – Bem... achei um diamante... no chão... – e mostrei a pedra, brilhante como uma estrela.
- Alguém perdeu... – e ela se ergueu, agitada – Você tem que devolver...
- Mas para quem?
A enfermeira entrou, trazendo nossa filha, que nascera há poucas horas. Era pequena, delicada; o rosto, de traços ainda indefinidos, já deixava ver – ao menos para nós – que seria uma bela menina.
- Ela já tomou banho. Hora de mamar!
Minha mulher esqueceu o diamante, o seio enorme para fora, a alegria da cria no colo. Saí do quarto; o corredor vazio, quieto como um museu. Que fazer? Ouvi o balbucio da minha filha, doce e pleno de futuro. Abri a mão e vi que o diamante sumira.
Ia voltando ao quarto quando a enfermeira comentou:
- É o momento mais feliz da vida, não?
- Qual?
- Quando se tem um filho! E ela me olhou, com ar estranho.
Sorri. E vendo a pequena sugar o seio, tive certeza que algo mudara dentro de mim.