Assassinato poético
Sentiu o aço frio penetrando sua carne, rompendo barreiras dentro de si, o consumindo. A dor não era tão ruim, mas sim o olhar triste do agressor, uma lágrima apenas, mas profunda. Tentou arquejar, falar qualquer coisa, mas não saiu nada. A segunda veio sem ele esperar, e dessa vez ele caiu. O chão veio ao seu encontro lentamente, em câmera lenta, mas quando caiu, fez-se um estrondo grandioso, que ecoou por entre as montanhas e por todo o horizonte. E então veio um grito de misericórdia, suas últimas forças. Seu grito foi um canto, e de repente todas as aves cantavam junto, realizando uma marcha fúnebre. O assassino não chorou nem se espantou com tal acontecimento. Na verdade se preparava para pregar o último prego do caixão. E ele veio, suas vistas estavam embaçadas, mas conseguiu ver. E então a escuridão também veio...