Uma imagem para a dor
Deitada. Olhos fechados. Breve ondulação. Respiração lenta. Compasso. Leves ondulações. Braços abertos. Pernas esticadas. Músculos relaxados. As ondulações cedem e, pouco a pouco, ela flutua. Mansa. Corpo e água – naquele instante – são únicos. Antes, independentes. Agora, complementos de uma mesma imagem. Sugestão de paz para quem observa ao longe. Ledo engano. A paz é aparente. Há um conflito: a natureza – com sua gravidade – quer engoli-la, enquanto ela teima em flutuar. Esquecer a gravidade das coisas. E, por detrás da calmaria, impera uma racionalidade vigilante. Pois, a qualquer desatenção, a qualquer descuido ela pode submergir... afundar, afundar, afundar... e sucumbir. Se isso acontece, não há retorno.
A dor é como flutuar em um lago.